Há violinos no meu sonho requintado,
leve harmonia de cores nos meus sentidos,
quando instantes puros, ternamente vividos,
levantam-se, teimosos tornam do passado.
Vaga um segundo de dor pelo sepultado
e releio os livros já tantas vezes lidos,
no espelho da minha alma há mundos refletidos
e há fantasmas de ternura ao meu lado.
Mas já se estalam as cordas do meu violino
e turva-se em trevas o fundo alabastrino
quando te deslumbro do esquecimento vinda.
Desperto e solitário como um lobisomem
busco a noite que os segredos consomem
mas a tua imagem me persegue ainda.
Na humana coerência da razão
reajo como instável substância.
Dissipo-me no ar da imaginação:
do sonho e da vida, a
reentrância,
mas permanece a
insignificância...
vazio como uma bolha de sabão
eu tento encontrar meu coração
perdido numa reação na infância.
Vasculho o laboratório imenso
e incompatível a tudo repenso
e a alma perdida que não
descansa.
Na desagregação da minha vida,
agitado busco a essência perdida
que existiu na pálida criança.
Que foi feito, Senhor, da tua criação?
Do exemplo de humildade de Jesus?
Da fé, amor e verdade da lição
que ele pregou a caminho da cruz?
Mas que poder e este que tanto seduz
que mina a miséria e a destruição?
Não brilha mais a divina luz?
Que foi feito, Senhor, da tua criação?
Que valor mais alto e mais forte
faz de homens agentes da morte,
escravos de um sistema opressor?
Que mentira e essa, cruel, profana,
nessa circunstância desumana
das injustiças do seu desamor?
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