domingo, 27 de agosto de 2017

RODEIO

Sempre, o poema que se anuncia
Parece ser o último.
Reverências por toda a parte:
A cidade parou,
A noite emudeceu e
Os ruídos todos da minha alma
Alcançam completa significação.

Sei que amanhã a mesma história se repetira:
Passos lentos,
Voz trêmula,
Compromissos inadiáveis...
Farei pequenas loucuras e me sentirei absurdamente feliz
Apesar da inexplicável significação das coisas.

Sempre assim...
A poesia me alcança,
Alcançarei o poema.
Ela vem na sua absurdeza de sentido
Ele está, sem que eu o veja ainda,
Encarapitado nela.
Uma luta de nervos em que ela o atira para a possível
Vitória da significação.


Sei que amanhã a mesma história se repetira.

2 comentários:

  1. Apesar de o poema vir a passos lentos, da voz trêmula, do instante eterno do verso e do minuto agonizante dos desencontros, eis a poesia que o tempo nao esmaga.A memória instaura a repetição da história. Por tudo isso, a tragédia da ausência corrosiva não deixa de ser a lírica amorosa da presença.

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